Brasil se consolida como um dos grandes players em sustentabilidade no mercado global.

Brasil se consolida como um dos grandes players em sustentabilidade no mercado global.

17 ago 2022, por [email protected]

O Brasil é realmente o grande player quando o tema é sustentabilidade no mercado global? O tema foi amplamente discutido por especialistas do setor no primeiro dia do 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que acontece até o dia 18, no Centro de Convenções de Salvador. De fato, o País ocupa a posição de liderança mundial na oferta de algodão certificado, com 34% da produção mundial de algodão certificado.

“Sem dúvidas o Brasil ocupa um lugar de destaque no cenário mundial de produção de algodão mais sustentável, devido ao volume de algodão certificado ABR e reconhecido Better Cotton, afirma o gerente sênior de parcerias e programas grandes produtores da Better Cotton, Álvaro Gomes Moreira, que discorreu sobre o agronegócio brasileiro e a sustentabilidade em uma das salas temáticas do CBA.

 

Para ele, no entanto, a sustentabilidade é um caminho e não um destino final, de modo que sempre teremos objetivos mais e mais ambiciosos refletidos no princípio de melhoramento contínuo. A certificação e com ela a comprovação do comprometimento do produtor para uma produção mais sustentável de algodão tornou-se uma condição imprescindível para atuação no mercado mundial.

 

Segundo Álvaro, ter a certificação em si, não é mais suficiente para o mercado. Será preciso que os produtores demonstrem o progresso realizado em vários aspectos de sustentabilidade, como a utilização eficiente de insumos, a redução do uso de químicos, a saúde e o uso do solo. A rastreabilidade física do algodão, mais cedo ou mais tarde, será implementada apesar da complexidade da cadeia de valor. Será um requerimento futuro que todos os atores da indústria tenham acesso às informações sobre localização e métodos de produção dos produtos que estarão adquirindo. “Do nosso lado, trabalharemos para que esse sistema de rastreabilidade beneficie também o produtor, reconhecendo os produtores mais abertos à inovação e trazendo recursos para uma maior transformação das práticas padrão”, garante Álvaro.

 

Para ele, a complexidade de uma produção sustentável não nos permite afirmar que haja hoje em dia um algodão inteiramente sustentável, mas produtores e organizações engajadas em melhorar as relações de produção do algodão com o meio ambiente e com os próprios produtores.

 

Marcio Portocarrero, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), concorda que o Brasil está no caminho certo para a sustentabilidade do setor. “Levando-se em conta a legislação ambiental brasileira (mais complexa e exigente do mundo) que obriga os proprietários rurais a manterem as suas expensas, no mínimo 30% das suas fazendas totalmente preservadas, sem nenhuma exploração econômica, a adoção do plantio direto e o controle rígido dos órgãos regulatórios quanto ao uso de produtos químicos nas lavouras brasileiras, podemos garantir que a produção brasileira é obtida de forma altamente sustentável. No caso do algodão brasileiro, já somos reconhecidos mundialmente como os maiores produtores mundiais de algodão sustentável, dominando atualmente 42% do mercado mundial de fibras sustentáveis”, afirma Portocarrero, que compõe o time de palestrantes.


Contudo, os desafios continuam existindo no setor produtivo, principalmente, os relacionados à imperativa necessidade de redução do uso de defensivos químicos nas lavouras e às garantias de que a produção de algodão não comprometa a preservação da biodiversidade. As áreas de destaque estão relacionadas à saúde do solo e aos avanços em termos de rastreabilidade.

 

Fechando os debates desta terça, esteve o agrônomo Paulo Schmidt, do Grupo Schmit, que discorreu sobre a importância da certificação ABR/BCI na visão do produtor. Para ele, o produtor aprende muito com todo o processo e o setor também ganha por se tornar mais competitivo. “A certificação garante a proteção da propriedade e melhora a imagem do setor algodoeiro lá fora. Temos que cuidar da nossa imagem”, defende.

Especialistas, produtores, pesquisadores e representantes de empresas brasileiras e internacionais estarão reunidos nos dias 16, 17 e 18 de agosto no Centro de Convenções de Salvador para tratar de tendências, políticas para o setor, pesquisa, tecnologia, sustentabilidade e inovação no segmento do algodão. O CBA é organizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e tem o apoio de várias instituições e empresas.